
Sentou à porta do casebre, naquele toco de aroeira. O pé raspando a quina da soleira, prazer que só quem teve um bicho-de-pé sabe quanto é bom. O sol ainda não tinha afagado os pendões do canavial.
De um bolso sacou o velho canivete, presente que ganhou do avô, lá pelos nove anos. Do outro, um pedaço de fumo. A palha, escolhida a dedo no paiol, repousava na orelha.
Enquanto golpeava delicadamente o fumo, os olhos cansados buscavam o horizonte. Cana, cana e mais cana. Até mesmo a pequena mata das caçadas de domingo deu lugar à plantação. Seu banquinho foi a única coisa que restou daquele lugar. O movimento das folhas, causado pelo vento, fazia tudo aquilo parecer um imenso mar verde. Verde pelo menos por enquanto, no tempo da colheita é o cinza quem dá o tom.
Pegou a viola. Agora só toca acordes em Ré menor. A voz refuga. O nó na garganta espanta qualquer tentativa de esquecer sua tristeza. A fuligem entra em suas narinas. Chora nas cordas do instrumento as dores de quem já tirou o pão de cada dia.
Da cana, conhecia apenas a rapadura que, desde o berço, adoçava momentos da vida e a cachaça, companheira certa de momentos felizes. Agora ela, a caninha, é porta de fuga da tristeza. A terra está morrendo. Antes, cor de sangue e úmida. Agora, é um pó seco e acinzentado.
Fruto daquele lugar, nele não encontra mais a honra do labor. Sua mão-de-obra é mais cara do que a daqueles que abandonam a seca. Pobres coitados! Tanto quem veio, quanto quem já estava aqui.
A brisa fresca que chegava com as estrelas agora cheira a fumaça. Quem sabe o sono não traga, ao menos por alguns instantes, a porta para o seu mundo? Aquele não era mais o seu lugar.
De um bolso sacou o velho canivete, presente que ganhou do avô, lá pelos nove anos. Do outro, um pedaço de fumo. A palha, escolhida a dedo no paiol, repousava na orelha.
Enquanto golpeava delicadamente o fumo, os olhos cansados buscavam o horizonte. Cana, cana e mais cana. Até mesmo a pequena mata das caçadas de domingo deu lugar à plantação. Seu banquinho foi a única coisa que restou daquele lugar. O movimento das folhas, causado pelo vento, fazia tudo aquilo parecer um imenso mar verde. Verde pelo menos por enquanto, no tempo da colheita é o cinza quem dá o tom.
Pegou a viola. Agora só toca acordes em Ré menor. A voz refuga. O nó na garganta espanta qualquer tentativa de esquecer sua tristeza. A fuligem entra em suas narinas. Chora nas cordas do instrumento as dores de quem já tirou o pão de cada dia.
Da cana, conhecia apenas a rapadura que, desde o berço, adoçava momentos da vida e a cachaça, companheira certa de momentos felizes. Agora ela, a caninha, é porta de fuga da tristeza. A terra está morrendo. Antes, cor de sangue e úmida. Agora, é um pó seco e acinzentado.
Fruto daquele lugar, nele não encontra mais a honra do labor. Sua mão-de-obra é mais cara do que a daqueles que abandonam a seca. Pobres coitados! Tanto quem veio, quanto quem já estava aqui.
A brisa fresca que chegava com as estrelas agora cheira a fumaça. Quem sabe o sono não traga, ao menos por alguns instantes, a porta para o seu mundo? Aquele não era mais o seu lugar.
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