Nos relatórios das empresas, no discurso de gestores e ambientalistas, nas teses científicas o termo desenvolvimento sustentável está presente, virou moda e está por todo lado. Esse é o novo paradigma para uma infinidade de discussões econômicas, políticas, ambientalistas e sociológicas. A preocupação com a qualidade de vida e preservação do ambiente tornou-se uma necessidade social. Os efeitos nocivos do homem para com o meio ambiente são tão evidentes quanto à necessidade das normas e leis para regulamentá-lo e buscar minimizar seus efeitos.
Uma das definições mais usadas para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades atuais da população, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. Ou seja, a idéia é crescer sem destruir o ambiente e esgotar os recursos naturais. A valoração dos bens ambientais é uma tendência natural da busca do desenvolvimento sustentável, que através da gestão dos custos ambientais poderá sugerir caminhos de minimização dos impactos ambientais e consequentemente, maiores condições de sobrevivência a longo prazo.
Na indústria de beneficiamento de couro a gestão dos custos ambientais através da minimização do uso da água e energia, racionalização dos insumos químicos, e tratamento dos efluentes é o caminho encontrado para atingir a eco eficiência do processo e o desenvolvimento sustentável do setor. A curtume Fuga Couros Jales Ltda., empresa de médio porte localizada no município de Jales – SP, que tem como produto principal couros bovinos curtidos até a etapa de wet–blue, além de raspa curtida até a etapa de wet–blue e raspa preparada para confecção de brinquedo canino (Pet Toy) implantou essa gestão ambiental de desenvolvimento sustentável .
Desde sua implantação, em 1997, a empresa estabeleceu uma política que a mantivessem em destaque como empresa exemplar do setor no que se refere à minimização de impactos ambientais e de custos decorrentes do processo produtivo. A empresa fez um investimento inicial para a implantação do Sistema de Gestão Ambiental na ordem de R$ 1.000.000,00, e desde o início de suas atividades investiu mais cerca de R$ 750.000,00 em melhorias no sistema de tratamento e adoção de tecnologias de prevenção à poluição. Outra preocupação da empresa está na otimização operacional do sistema com gastos mensais de R$ 25.000,00.
A empresa estabeleceu como objetivos principais, através de sua política e estratégias ambientais, otimizar o uso de recursos naturais empregados no processo produtivo, como água e energia; promover a prevenção da poluição; e usar fontes de energia alternativas, mais baratas e menos poluentes que as já conhecidas.
Água e Energia são os recursos naturais mais utilizados no processamento das peles. Tendo como meta a redução do consumo de água, a empresa investiu na racionalização de processos, no emprego de tecnologias limpas, como substituição de insumos e mudanças de formulações, e no reuso das águas. Segundo dados da empresa, o que antes utilizava a marca de 750 litros de água por pele, hoje o consumo de água já se encontra em torno de 200 litros por pele, representando uma economia de aproximadamente 73% da quantidade de água usada inicialmente.
Quanto ao uso de energia, a empresa adquiriu desde o início de seu funcionamento, os equipamentos de menor consumo energético disponíveis no mercado. Observado o consumo de kwh/couro.dia, com respeito à planta de tratamento de efluentes do processamento pleno, houve uma redução de 42,8%. No início tinha-se um consumo de energia de 3,48 kwh/couro.dia e hoje, a empresa consome 1,99 kwh/couro.dia.
O curtume vem adotando tecnologias de Produção Mais Limpa, no sentido de promover a prevenção da poluição, como redução da oferta de sulfeto no processo de depilação de 2% para 0,89% sobre o peso das peles; reciclagem dos banhos residuais de depilação e caleiro; redução da oferta de cromo no processo de curtimento; e reciclagem dos banhos residuais de curtimento.
O projeto de tratamento de efluentes, implantado ainda em 1997, tem melhorado a qualidade de seus efluentes tratados a ponto de não produzir impacto ambiental no corpo receptor - o Córrego Tamboril, comprovado pelo monitoramento ambiental realizado pela equipe técnica da empresa e órgão fiscalizador.
Os técnicos do curtume têm trabalhado na redução da oferta de cromo no processo de curtimento e na reciclagem dos banhos residuais de curtimento, a fim de minimizar a alteração da qualidade do solo e das águas subterrâneas, para reduzir a quantidade de seus resíduos em aterros.
Buscando uma fonte de energia alternativa, a Fuga Couros Jales Ltda. substituiu o óleo combustível derivado do petróleo, por um combustível de fonte renovável proveniente de subprodutos animais, o sebo bovino, que transformado em combustível nas graxarias, é aplicado em caldeiras a óleo.
A utilização do sebo bovino torna-se altamente vantajosa, não só em relação ao consumo e benefícios econômicos, mas também apresenta resultados satisfatórios quanto aos benefícios ambientais, pois a queima do sebo bovino (biocombustível) não gera contaminantes como o combustível derivado do petróleo.
Sem sombra de dúvidas o uso de tecnologias limpas adotadas pela empresa propiciou vários benefícios como: redução significativa no consumo de recursos naturais – água e energia; prevenção da poluição através da redução dos insumos impactantes no processo produtivo, menos efluentes; e o uso do sebo bovino como fonte de energia alternativa não poluente em substituição ao combustível fóssil. Atingiu também benefícios econômicos, como por exemplo, redução de custos de produção ou oportunidade de novos negócios com o aproveitamento dos resíduos. De todos os benefícios o mais importante é a preservação do meio ambiente e conseqüentemente de nós seres humanos. A FUGA COUROS, com esta gestão ambiental eficiente, é vista e reconhecida pelo país como empresa consciente e responsável.
RECONHECIMENTO
Acreditando que é possível crescer sem causar danos ao ambiente, e na busca da qualidade ambiental, a indústria FUGA COUROS JALES ficou em primeiro lugar na última edição do Prêmio CNI( Confederação Nacional da Indústria reconhece, por meio do Prêmio CNI que foi criado em 2001,as empresas que investem na preservação dos recursos naturais, adotam práticas de produção limpa, reciclam produtos e desenvolvem programas de educação ambiental)na modalidade Grande e Média Empresa.
O projeto da utilização do sebo bovino como combustível foi vencedor da edição 2005 do Prêmio Estadual Fiesp de Conservação e Uso Racional de Energia, na categoria de Energia Alternativa.
A empresa foi também premiada com a menção honrosa de mérito ambiental por ocasião da VII Semana Fiesp de Meio Ambiente, em junho de 2005, em São Paulo – SP, sendo novamente agraciada com este título em junho de 2006, na VIII Semana Fiesp de Meio Ambiente.
Fabrício Fuga, presidente da empresa, afirma que “Esses prêmios mostra que estamos no caminho certo e nos ajudará a desmistificar o trabalho em curtume que nem sempre é bem visto”.
Danielle Lopes
Um comentário:
intiresno muito, obrigado
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