segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Internet pela rede elétrica

A nova tecnologia, ainda em fase de teste, terá menor custo e acesso facilitado
Pode parecer algo novo para algumas pessoas, mas a comunicação pela rede elétrica é aplicada, desde 1920, por muitas empresas de energia elétrica, para uso em telemetria, controle remoto de usinas e comunicação de voz.
Conhecido como Carrier ou Oplat (ondas portadoras em linhas de alta tensão), o sistema funcionava como um backbone das empresas geradoras de energia elétrica, principalmente antes das privatizações ocorridas na década de 90. A comunicação telefônica, por exemplo, acontecia da seguinte forma:
Um operador, responsável por gerenciar a Usina de Ilha retirava o telefone do gancho e efetuava uma ligação para a subestação de Bauru, estabelecendo assim uma comunicação ponto a ponto, onde o meio de transporte da voz era a rede de alta tensão.
Com o avanço das instalações de fibra ótica e o barateamento de sistemas de telecomunicações, algumas empresas de energia elétrica decidiram abandonar o sistema Oplat.
Recentemente, as discussões sobre a implantação de uma nova forma de comunicação para a internet retornaram às páginas dos noticiários brasileiros, uma vez que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) aprovou um regulamento sobre as condições da acessibilidade em banda larga, utilizando a rede de energia elétrica.
Mundialmente chamada de BPL (Broadband over Power Line) ou PLC (Power Line Communication), a nova forma de conexão ainda está em fase de teste em algumas cidades do país, sendo assim, pouco utilizada comercialmente.
Segundo o Diretor e Presidente do Fórum Aptel (Associação de Empresas Proprietárias de Infra-Estrutura e de Sistemas Privados de Telecomunicações) Brasil PLC, Paulo Roberto de Souza Pimentel, a expectativa é muito grande e oportuna, pois o país carece de soluções de comunicação e possui uma rede elétrica que atinge a todos os lares.
“Além disso, será bom para o crescimento econômico. A necessidade de comunicação banda larga é imperativa para o desenvolvimento do país e as tecnologias existentes ainda não são suficientes ou exigem um custo elevado para a aplicação de sua infra-estrutura”, completa.
A PCL ou BPL estimula projetos comerciais em todo o mundo, principalmente nos países em que já estabeleceram uma regulamentação. “O documento elaborado pela Anatel para a consulta pública, sujeito a contribuições e recomendações, é um importante fator para que todos os “players” (fabricantes, operadoras e integradoras) comecem a ordenar seus negócios, e assim possam desenvolver uma indústria do PLC/BPL no Brasil”, aponta Pimentel.
A empresa Panasonic, em parceria com a Aptel, está testando a tecnologia na cidade de Barreirinhas (MA). Os equipamentos foram colocados em uma biblioteca, em um restaurante e em uma loja. As conexões são feitas na velocidade de 200 Mbps; hoje mais alta no país é de 30 Mbps. Em 2009, novos testes serão iniciados em Recife (PE).
A implantação da Internet via rede elétrica trará vantagens para quem mora em áreas rurais, onde nem sempre é possível a conexão por meio do modo convencional. Em contrapartida, as empresas de energia elétrica terão um sistema barato e efetivo de monitoramento e gerenciamento de suas redes de distribuição de eletricidade.

Arinaldo Costa
Cristiane Vieira

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