Flávia Villa Rosa
O impresso é a forma mais antiga de Jornalismo e o ciberjornalismo, a mais atual. Como unir extremos paralelos? Ou melhor, como transformar uma linguagem em outra? Ou quem sabe, como manter os dois, sem as rivalidades impostas pelo povo e a mídia? Conceitos, estruturas e formatações particulares constroem suas peculiaridades e podem corroborar nas respostas desses questionamentos.
Pode-se comparar o Jornalismo que rege as duas áreas a uma partida de futebol. De um lado, o jornalismo impresso, do outro o on-line. Cada um com suas características, jogadas e articulações. Os dois se cruzam, se chocam e completam a partida.
Um é mais instantâneo, veloz e heterogêneo. Já o outro, é mais tradicional, compenetrado, sólido e para muitos, mais confiável.
O jogador de um time pode, no futuro, integrar a outra equipe, ou talvez, possa ter o feito, no passado. Eles não são fiéis a um só; são dinâmicos e variam suas posições, de acordo com a necessidade do mercado, com suas próprias vontades ou de terceiros.
A torcida fica só na expectativa. É sempre uma surpresa atrás da outra, não dá pra se prever qual será a próxima jogada, para quem vão passar a bola e se o goleiro vai defender.
O Jornalismo funciona como esse jogo. O impresso e o on-line com suas características próprias, criados em épocas distintas e com profissionais diferentes, que ora estão em um time, ora partem para o outro e voltam ou não.
O público aguarda as notícias, também torce, chora, ri, vibra e se entristece. As emoções estão presentes e se evidenciam entre uma jogada e outra. A ele resta esperar que seu time cumpra um papel ético, que jogue de maneira correta, que não passe por cima de ninguém a fim de atingir seus objetivos. Uma bela partida é sempre gostosa de ver.
E o gol? Está no trabalho bem feito e no conteúdo das matérias. A torcida comemora com as vitórias que o país consegue, com a redução da inflação, com a estabilidade da economia e/ou simplesmente, com um ato solidário que um cidadão anônimo praticou. E quem faz essa mediação é o jornalista. A divulgação de um material que poderá contribuir com a melhora da vida daqueles por quem se trabalha é o verdadeiro prêmio.
Ah! Ainda tem o juiz... Como em toda profissão, regras devem ser seguidas. No caso do Jornalismo, os jornalistas devem estar atentos ao Código de ética que norteia seu ofício. É ele quem define quando um jogador comete uma falta.
A diferença da partida, é que eles não jogam um contra o outro e não há equipe vencedora. Embora, há os que acreditem que essa rivalidade aconteça e que com a aparição do digital, o impresso desaparecerá, eles jogam com o mesmo intuito, com a mesma responsabilidade social e com o mesmo comprometimento para com a comunidade. O ser jornalista está no profissional e não na área em que atua.
Transpor uma linguagem para outra? Talvez nem seja necessário. Com a agilidade, o wejornalismo consegue postar seus conteúdos com mais rapidez, portanto pode ser que essa transposição do impresso para o on-line aconteça ao contrário. Caso seja, o processo de transcodificação está na apuração e na contextualização, já que o jornal de papel é, muitas vezes, ainda é bem visto e associado à credibilidade.
É de fato uma tarefa difícil definir quais as transformações que realmente ocorrem e como ocorrem. Se é de um pra outro? Do outro pra um? Ou de um pra nenhum? Respeitar as peculiaridades, saber delimitar o espaço e não ultrapassar a linha limite que separa os dois pode ser uma boa pedida. Enfim, o que seria do verde se todos gostassem do amarelo.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
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